quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Ensaio Zero! Praticamente uma entrevista de emprego...

Há um tempo, estou procurando uma nova banda. Para isso, resolvi testar alguns dos mais conhecidos sites de classificados para músicos (CifraClub, Tô Sem banda, Território da Música) e para minha surpresa, aparentemente estes serviços funcionam. Posso até fazer a comparação deles com grandes sites de empregos, como Catho, Vagas.com.br, etc. A diferença é que nós temos a vantagem de demonstrar nosso trabalho através de vídeos, mp3 e diversas outras ferramentas multimídias disponíveis por aí. Mas aí vem o meu comentário de hoje: A Internet ajuda e muito na divulgação de nossos trabalhos, mas o que realmente vai endossar nosso é o "ao vivo", ou seja, sua performance frente aos integrantes, produtores ou contratantes.

E esta audição inicial, que nós músicos chamamos de "Ensaio Zero", remete ao velho ditado: A primeira impressão é a que fica! E é fato. E no ensaio zero que os outros integrantes irão analisar se sua performance é condizente com o perfil da banda, se sua técnica é realmente aquilo que eles ouviram no Myspace ou assistiram no YouTube (porque todos sabemos que uma vez em estúdio, com a tecnologia atual, qualquer um é um artista). Portanto, sempre que se preparar para ir à uma audição, esforce-se para vestir uma roupa legal, leve seu equipamento de confiança para não ser surpreendido por amplis de estúdio de qualidade duvidosa, por exemplo. Além disso, lembre-se que tudo o que você disser poderá e será usado contra você, portanto, não minta. Não invente bandas, shows ou técnicas que você não tem, porque na hora que você plugar seu instrumento, todos vão saber se você realmente é ou não é aquilo que disse.

Outras dicas básicas, mas que precisam ser ditas:


• Não tente impressionar tanto, a ponto de se tornar o candidato chato.
• Não toque mais alto que o vocalista, se estiver fazendo teste para guitarrista, por exemplo.
• Não invente solos de 15 minutos se você está fazendo um teste em uma banda pop.
• Ouça o que os integrantes têm a dizer sobre a necessidade deles em relação ao músico que está entrando, isso pode te ajudar a criar uma estratégia na hora de se apresentar para eles.
• Claro e óbvio, estude as músicas do set list que foram definidas para o ensaio. Se você tem facilidade no improviso, domina escalas e acordes, pelo menos ouça as músicas para conhecer as dinâmicas dos artistas originais (gravações ao vivo ajudam na hora de você mostrar seu talento no ensaio também).


Lembre-se, embora menos formal que uma entrevista de emprego, o Ensaio Zero é uma primeira vista que outras pessoas têm de você, desta forma, tente ser o mais agradável possível para que aquelas pessoas que nunca o viram, possam vir a se interessar e integrá-lo ao projeto.

Até a próxima!

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Boa forma não é só para atleta! Mãos, braços e tendões de músicos também agradecem!

Em época de olimpíadas, véspera de verão ou férias em geral, o que mais vemos é gente freqüentando as academias, praticando esportes e todo tipo de malhação para deixar o corpo em forma. Agora, o que muitos músicos esquecem é que a boa forma não é exigência da vaidade, é uma exigência da profissão.

Quando digo isso, minha preocupação é alertar todos que passam por este blog, que a boa forma dos músculos e tendões são essenciais para evitar a tendinite, mal que afeta milhares de músicos. Em geral, os músicos têm dois problemas com a falta de prática constante de exercícios para mãos e garganta (no caso dos vocalistas). A primeira é a tendinite, que é a lesão causada pelo esforço repetitivo de um determinado músculo. Guitarristas e pianistas sabem bem o que é isso, tendem a estudar horas e por falta de atenção, acabam passando muito tempo sem descansar as mãos. Conclusão, em pouco tempo os músculos começam a demonstrar cansaço e passam a doer constantemente. Por isso, existe uma série de regras para aquecimento muscular antes de começar os exercícios diários ou mesmo shows prolongados.

Outro problema da falta de exercícios constantes, no caso, exercícios práticos do instrumento, é a perda da técnica. Alguns têm mais facilidade para lidar com o afastamento de alguns dias de seu instrumento, mas a verdade é que a continuidade deste processo leva o músico a perder a versatilidade dos movimentos, pois, assim como um atleta que não treina, o músico que também necessita de seus músculos para extrair sons de seus instrumentos, acaba perdendo a resposta rápida das mãos em relação aos estímulos cerebrais e tem uma significante perda da velocidade ou habilidade.

Portanto, sem nenhum cunho científico, fica aqui meus recados para todos os músicos, profissionais ou não, que mantenham uma rotina diária ou mesmo semanal de estudos e exercícios, para que não percam sua técnica, seja ela em que estagio estiver e principalmente para não deixar os músculos relaxarem, a ponto de quando forem exigidos, não causarem lesões que comprometam a continuidade da carreira.

Até a próxima!

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Seus ídolos são SEUS ídolos!

Um dos erros mais comuns que nós, músicos ou não cometemos, é o de achar que o que é bom para nós é bom para todo mundo. Isso é do ser humano, não tem jeito. Quem nunca presenciou ao descer no hall de um elevador, um dos vizinhos ouvindo altíssimo (e acompanhando ainda por cima) um som que faz você pensar se deve entrar de volta ao elevador e descer imediatamente? Ou mesmo quando você está em seu carro e ouve algum adolescente, ou um grupo deles, num Voyage 91 ou num Kadett 94 (sempre são esses carros) ouvindo algo tão alto que não dá pra acreditar que eles consigam ficar dentro do carro ao mesmo tempo que o som está sendo tocado. E como diz um amigo meu, a música que toca nestas situações é sempre ruim.

Mas afinal, o que é ruim, não é? Volto ao tema do post de hoje... o que é bom para mim não necessariamente é bom para você! Eu cheguei um dia a acreditar que alguns clássicos seriam acima de qualquer suspeita, como por exemplo: Beatles, Stones, Bowie, Jorge Aragão, Djavan ou Secos e Molhados. Sem nenhum preconceito com estilos, eu imaginei um dia que haveria ícones em diferentes estilos e que estes seriam aceitos por todos. Mas com o tempo descobri que não é assim. Aliás, um dia descobri que algumas pessoas nem conhecem estas bandas... ok, ok, você vai pensar; Impossível alguém não conhecer em 2008 os Rolling Stones, certo? É, mas não é... Um amigo meu disse que assistindo TV outro dia, ao mostrarem alguma reportagem sobre o Mick Jagger, ela perguntou quem era ele... aí, ele tentou lembrar (pasmem!) o nome da banda em que ele tocava. Bem, ele teve um lapso mesmo, porque eu sou testemunha que ele estava presente no show da turnê The Bigger Bang no Rio de Janeiro em 2007, mas em seguida ele me relatou que não adiantaria nada lembrar o nome da banda porque sua esposa provavelmente não saberia quem eram mesmo.

E não pára por aí... outro dia eu estava no Café Piu Piu, reduto dos roqueiros de plantão da cidade de São Paulo para assistir ao show de uma das minhas bandas favoritas, o Rockover. Aí, estávamos em umas 10 pessoas na mesa, quando a banda fez o cover de Zig Stardust, do Bowie. Aí, na minha euforia olhei para o lado e falei...”Cara, eles vão tocar David Bowie”.... não sei como descreveria a incógnita que ficou no semblante de um amigo meu, afinal, ele NUNCA havia ouvido falar sobre o David Bowie na vida dele.

Bem, o motivo que me fez escrever este post e desabafo, foi que por sermos Humanos, temos a tendência de querer “empurrar” nossas preferências goela abaixo dos outros e isso pode gerar problemas com outros integrantes e até mesmo com o público para quem tocamos. Por isso, tenha sempre em mente que seus ídolos são SEUS ídolos. Claro que você não deve tocar contrariado, mas se você está envolvido em um projeto, tente entender qual seu público alvo, qual o gosto dos outros integrantes e dê suas opiniões, mas não imponha nada. Lembre-se que gosto não se discute. Lamenta-se...rs

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Audiovisual - Um show é mais do que só a música

Algumas coisas em propaganda são feitas de uma forma que passam despercebidas aos nossos olhos, mas não por nosso cérebro. São as chamadas "mensagens subliminares".
Mensagem subliminar é a definição usada para o tipo de mensagem que não pode ser captada diretamente pelos sentidos humanos. Subliminar é tudo aquilo que está abaixo do limiar, a menor sensação detectável conscientemente.

E um show de uma banda não é diferente. A verdade é que quanto mais sentidos a banda estimular em seu público, mais inesquecível será sua apresentação. Além da música, a banda pode e deve utilizar ferramentas audiovisuais para complementar seu show. E não estou falando só de efeitos especiais e pirotcnia, uma apresentação conta desde a imagem (roupas, acessórios, instrumentos) dos integrantes, até a atitude e carismas destes. Além disso, é claro, qualquer intervenção eletrônica, usada com moderação é bem-vinda.

Devemos lembrar que quando uma pessoa sai de casa, principalmente nos dias de hoje, com o caos do trânsito e violência a cada semáforo, esta pessoa que se desloca de sua casa até uma casa de espetáculos, procura diversão, boa música, arte, cultura ou apenas entretenimento. É o que nós fazemos também. E a apresentação da sua banda pode ser mais que apenas mais um show. Você acha que aquele telão majestoso que acompanhava as turnês do Pink Floyd estava lá porque? Entretenimento e fusões audivisuais, que nos incorporavam ao universo da música da banda! Você acha que a Madonna viaja com 30 bailarinos em suas turnês para quê? Bom, além disso que você pensou... Entretenimento, claro! E aquela piada que um vocalista qualquer faz no meio de uma música ou outra é improviso? Pode ser, mas é bem provável que seja algo criado para entreter... somar à música, criar um mito.

O que quero dizer é que músicos ou bandas podem se preocupar em mais do que apenas executar uma boa música. Isto é nossa obrigação! Se você é músico, tocar bem é obrigação. É o mínimo que se espera de um profissional. Ninguém vai a um cirugião cardíaco esperando que ele faça um cirurgia legalzinha. Uma construtora não contrata um engenheiro "meia-boca" para construir aquele centro empresarial de 30 andares (pelo menos não deveria). E uma casa noturna, uma gravadora, um ouvinte, esperam ouvir o seu melhor a cada noite que você pisa em um palco.

Então, absorva a energia do público, crie, invente, some à sua música outros tipos de arte. Isso pode fazer de você uma referência, mas no mínimo, vai fazer você encostar a cabeça no travesseiro com a sensação de missão cumprida.

Até a próxima!

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Questões que fazem toda a diferença nos palcos

Dia desses eu estava lendo alguns arquivos antigos na minha HD e achei um histórico de conversas de msn com um amigo meu, o Marcelo Hernandes, mais conhecido como Tuca, responsável por um dos blogs mais legais que temos por aí, o Fiapo de Jaca e também antigo parceiro e vocalista de uma banda de Classic Rock da qual fazíamos parte.

Neste arquivo, estávamos fazendo um lobby para escolher as músicas que seriam inseridas no repertório da banda e começamos a falar sobre um possível manual para um músico da noite. Sabe aquelas situações hilariantes pelas quais toda banda passa e só mesmo tendo jogo de cintura para sobreviver à elas? Então... a conversa foi mais ou menos assim...

Tuca Hernandes diz:
Nossa, acho que vou lançar um "Manual pra Bandas"... hehe. empolguei!
PH. diz:
haha
Tuca Hernandes diz:
cheio de sugestões óbvias... como todo manual de auto-ajuda, hehe
PH. diz:
então vamos escrever um livro: "Como formar sua primeira banda" e vamos anexar um CD com os Making Offs dos nossos ensaios, com os erros, discussões, porradas, ofensas, até chegar ao final, com um show redondinho? Praticamente um Reallity Show...rs
Tuca Hernandes diz:
Boa idéia! Um dos capítulos: "E agora? Lado B ou Lado A?"
Tuca Hernandes diz:
"O baterista é mal humorado. O que fazer?"
PH. diz:
"A corda quebra no meio do solo... Tem Culpa Eu?"
Tuca Hernandes diz:
"Mostrar a bunda no palco: pode?"
PH. diz:
"o vocalista desafina no meio do refrão - Olho feio pra ele ou finjo que não é comigo?"
Tuca Hernandes diz:
"Arranjei uma amante que vai em todos os shows. E agora?"
PH. diz:
"Tenho uma foto do baixista usando o banheiro de estúdio, publico no site da banda?'
Tuca Hernandes diz:
"Colocar videos de ensaios na internet. Pagação de Mico?"
Tuca Hernandes diz:
"O vocalista está com laringite: apelar para o playback?"
PH. diz:
"A galera não se mexe no show, não canta e nem acompanha...devemos encerrar a banda ou tocar no programa do Gugu?"
Tuca Hernandes diz:
"Guitarrista x Vocalista - choque de egos ou viadagem enrustida?"
PH. diz:
"Meu tecladista quer tocar o orgão pra outros caras... pode?"
Tuca Hernandes diz:
"Grandes dúvida:
O cara canta bem, mas é feio.
O cara é bonito, mas canta mal.
O cara é feio e canta mal.
O que fazer? Trocar de guitarrista?"
PH. diz:
"Minha banda é um lixo e não sai do estúdio... devo escrever um livro sobre isso, criar um blog e ficar famoso no sofá do Jô?
Tuca Hernandes diz:
Mas como primeiro nome na lista de autores eu quero o meu! Nem vem!
PH. diz:
olha o choque guitarra x vocal ae...rs
Tuca Hernandes diz:
"Tem uma bicha que não para de me encarar da platéia. Mando ele se ferrar, ou ajo como artista, aberto a novas experiências?"
Tuca Hernandes diz:
"Um dos integrantes é um conceituado videomaker pornô. Colocamos os vídeos dele na internet para gerar publicidade?"
PH. diz:
"Um bêbado subiu no palco e pegou o microfone. Fingir que "faz parte" ou ser Joselito e chutar a bunda do cara?"
PH. diz:
"Rodie, monocéfalo ou um brother sem trampo?"
Tuca Hernandes diz:
"Você odeia aquela música. Mas todo mundo a pede. Inclusive aquela sósia da Liv Tyler? O que fazer?
PH. diz:
"Acabou o repertório e a galera pediu bis.. Ferrou?"
Tuca Hernandes diz:
"Um bêbado vem ao fim do show dizer "Vcs tocam pra caraca" e fica contando a história da vida dele. O que fazer? pedir licença pra ir ao banheiro e ir embora?"
Tuca Hernandes diz:
Mas é sério agora. Conforme os dias, vamos enumerando os pontos cruciais de forma que
tenhamos uma definição dos capítulos.
PH. diz:
ok, agora vou almoçar...
Tuca Hernandes diz:
Ok..

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Paixão pela arte

Muitas vezes, durante este blog, utilizarei metáforas corporativas para ajudar a valorizar o artista e sua arte. Mas, nada do que eu disser, nada do que você ler aqui fará algum sentido se faltar um ingrediente básico: paixão. Sim, hoje eu gostaria de abordar um tema mais abstrato, sobre este sentimento que está acima de valores materiais e que independente da profissão ou arte, impulsiona seu receptor a continuar acreditando em seu sonho.

Certa vez, Carlos Drummond de Andrade, ao ser questionado sobre como um iniciante poderia se tornar um poeta, saiu-se com essa:

"Para que você quer ser poeta? Tudo o que você pensar em escrever em matéria de poesia, alguém, antes, já escreveu melhor do que você será capaz de escrever.”

Isso já seria o suficiente para abalar um ser desprovido de certeza e paixão pelo sonho em questão, e Drummond finaliza:

“Mas se, apesar de saber que não vai fazer poesia melhor do que os que vieram antes de você, mesmo assim você sentir uma necessidade absoluta de escrever, então escreva.”

Genial, não? E é esse o ponto, simples assim! Você tem que ter consciência de que sua música provavelmente não será tão inovadora, contestadora ou melhor do que a de muitos outros que vieram antes de você. Mas isso não significa que você não deva fazer música, afinal, sua arte tem de ser natural. Se você sente necessidade de se expressar através dela, você já tem um grande motivo para fazer música.

Inclusive, é bom ressaltar que os que vieram antes de nós são fontes inesgotáveis de aprendizado. A arte não envelhece e um bom artista sabe beber das fontes certas. Fazer boa música é ouvir muito, de tudo, o tempo todo e é bom ressaltar que não existe um parâmetro do que é boa música. Sem preconceitos, a música sempre é boa para alguém. A boa música é aquela que mexe com você. Quando ouvimos algo ruim, automaticamente aquilo nos incomoda, ou na pior das hipóteses, não causa reação alguma (existe coisa pior para um artista?).

O conselho que eu poderia dar a um músico na hora de fazer sua música, compor seu solo, fazer uma gig com os amigos é: tenha paixão, toque com o coração, seja você, em cada uma das notas que saem do seu instrumento. Deixe sua impressão digital registrada em cada trabalho.

Lembrem-se, os clássicos, sempre serão clássicos, mas a arte não é imutável e estática, está sempre à espera de novos talentos, de novos contestadores e artistas à frente de seu tempo. Com paixão, você terá dado um grande passo nesta direção.

Até a próxima!

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Banda: Um trabalho em equipe!

Quantas vezes você não se questionou como um integrante de uma banda que fatura milhões resolve sair? Quantas vezes você não ficou sem entender como algumas bandas recusam contratos milionários para voltar à ativa? Claro que a resposta não é única para todas, mas afinal, o que acontece de errado no relacionamento entre os integrantes e que afeta a banda e tudo à sua volta?

Antes de qualquer coisa, devemos encarar o fato de que ser integrante de uma banda é como trabalhar em equipe, o que por si só já é um grande problema, pois partimos do pressuposto que cada integrante, como ser humano, é por natureza, questionador, necessita de incentivo e motivação, tem ego, opinião, dias bons, dias ruins, ou seja, multiplique isso por 5 e tenha a essência que leva muitas bandas a acabarem algo que muitas vezes parece irracional para quem está de fora.

Identificar os recursos ideais para se manter a harmonia e a produtividade de uma banda nem sempre é tarefa fácil. Como eu já disse em posts anteriores, não existe “for mula” mágica para nada neste mundo, mas podemos mapear alguns “mandamentos” do trabalho em equipe e adapta-los a uma relação entre músicos.

Vamos a eles:

1- Identificação da necessidade do trabalho em equipe: É importante questionar a validade de se trabalhar em equipe, seja por uma questão de performance, exigência do mercado ou mesmo necessidade interna do grupo.

Alguns artistas preferem trabalhos solo, produzir seu próprio trabalho e não ter envolvimento de outros músicos, justamente pelo fato de saberem o quanto têm de ceder para coexistir como banda. Mas há casos em que se abre mão do monopólio da obra para agregar valor ao resultado final, dividindo-se a criatividade na composição ou mesmo descentralizando o desgaste natural de produção com os outros membros da banda.

2- Identificação e desenvolvimento de líderes: Identificação dos profissionais com as características mais apropriadas para liderar o grupo e promover seu desenvolvimento.

Por mais que seja difícil ou pareça exagero, uma banda, assim como uma equipe, precisa de um líder. Em música, o ego de alguns integrantes pode fazer isso ruir, mas se desde o início, todos tivessem consciência de que alguém tem que tomar a frente para que as coisas aconteçam tudo seria mais fácil e sem traumas. É necessário que cada um se foque no que sabe fazer melhor. Há quem tenha mais contatos para indicar a banda, há quem conheça mais de arranjos, ou seja, sempre há alguma forma de fazer com que todos contribuam com a banda, além de tocar. E um líder pode fazer com que as ações individuais sejam canalizadas para um objetivo comum.

3- Entendendo as normas e regras: Todos devem conhecer plenamente quais são as normas, regras e valores da equipe para atuar de forma adequada e esperada, ainda que o grupo se renove.

Como eu disse acima, cada um deve ter sua função na banda, para fazer com que todos cresçam juntos. Embora utópico, uma banda não deve servir de palanque para apenas um músico se destacar, portanto, o lema dos três mosqueteiros é sempre bem-vindo: “Um por todos e todos por um!”.

4- Quando a equipe compete: Conhecer com quais equipes se está competindo e estabelecer estratégias de superação do competidor.

Não é um caso comum na música o termo “competição”, embora muitos “músicos” achem que a velocidade no instrumento seja um troféu, mas como toda equipe, temos que ter em vista alguns objetivos a serem alcançados e com objetivos traçados, pode-se criar uma competição saudável entre bandas, criando-se metas a serem atingidas ou mesmo, comparando-se com outras que atingiram o mesmo patamar.

5- Seleção da equipe e renovação: Definição das características adequadas para a composição do grupo, análise permanente sobre a avaliação da performance das pessoas e da equipe e renovação do grupo quando se fizer necessário.

Geralmente não se começa uma banda fazendo-se dinâmicas de grupo e seleção de Recursos Humanos para ver qual o melhor integrante para determinado instrumento, portanto, ao longo da vida em grupo, vão surgindo as diferenças e muitas vezes, estas diferenças levam ao desgaste. No caso de uma reestruturação, sugiro que todos os integrantes que ficaram, definam seus objetivos e escolham alguém que se encaixe no perfil destes objetivos. Normalmente, será o ponto oposto ao integrante que saiu. Mas o importante é destacar quais qualidades se espera desta nova pessoa e ao testar novos músicos, prestar muita atenção no ponto-chave que levou à saída do antecessor.

6- Construindo valores: O líder da equipe, bem como seus participantes, devem se dedicar a construção de valores e praticá-los para que o grupo assuma determinadas atitudes desejadas.

Determinar objetivos, metas e para isso, construir uma postura adequada àquela posição em que se deseja atingir. No post “Atitude x Imagem”, citei o quanto a imagem é importante para posicioná-lo como profissional. Isso serve tanto para um integrante quanto para toda a banda.

7- Desenvolvimento contínuo: Seja através de treinamentos, seja via experiências que permitam o aprendizado de novas técnicas, conceitos e metodologias que permitam as pessoas do grupo a desenvolverem novas habilidades.

Também já falei sobre este assunto no post “Desatualizar-se, nunca, Encostar-se, jamais!”, pois o músico reflete em sua música, a cultura que absorve do mundo, portanto, manter-se atualizado é a melhor forma de nunca envelhecer. Continue treinando, ouvindo o que está sendo produzido, assistindo, lendo... você é o que você sabe!

8- Motivação da equipe: Conciliar interesses da empresa e do grupo, com as aspirações individuais.

Esse é um tema dos mais relevantes quando o assunto é uma banda. Um músico deve saber que, uma vez fazendo parte de um grupo, ele é parte de um todo e suas aços repercutem para o restante, portanto, seja em suas atitudes ou tecnicamente falando, cada integrante deve jogar a favor do time. Se a técnica for essencial para destacar sua banda das outras, ok!, isso é positivo. Agora, se sua técnica estiver fora da proposta da banda, isso só trará desgaste e choque entre os interesses comuns.

9- Estabelecimento de estratégias: O grupo deve estar envolvido em pensar seu futuro, suas metas e avaliar seus resultados para estar comprometido com os desafios.

Seguindo uma estratégia comum, as chances de haver entrosamento entre os integrantes, é muito grande. Com estratégia, o grupo passa a agir pensando no futuro e as pequenas coisas do presente são apenas alicerce para um objetivo comum.

10- Avaliando o grupo e os resultados: A avaliação de performance do grupo e dos resultados permite que se possa corrigir o andamento das ações e manter a chama da motivação sempre latente.

Por fim, todos devem avaliar de tempos em tempos se os esforços foram válidos. Isso pode ser feito individualmente, onde cada músico estipula metas para alcançar em seu estudo, e avalia em determinado tempo o quanto evoluiu até em grupo, onde todos avaliariam se conseguiram alcançar os objetivos traçados inicialmente.

(os 10 mandamentos do trabalho em equipe foram inspirados no trabalho de Alberto Brisola, sobre como identificar a necessidade de trabalho em equipe).

quinta-feira, 27 de março de 2008

Desatualizar-se, nunca, Encostar-se, jamais!

Para todos os músicos, existem momentos onde ele administra melhor as informações que lhe são apresentadas. Em um perfil normal, o músico (ainda amador), começa a tirar aquelas músicas que ele gosta, ensaia com a banda dos amigos do colégio, faz um ou outro show por aí e segue neste ciclo até um próximo momento, onde ele descobre que música é algo que ele realmente gosta e que de repente, ele deva investir como profissão.

(“Claro que alguns ficam na fase acima durante toda a vida, mas não é esse o perfil de músico que iremos abordar neste artigo.”)

O passo seguinte, geralmente é quando o iniciante a músico profissional, começa a se interessar pela teoria, para saber o que está fazendo, entender as escalas, campos harmônicos, tríades, tétrades, empréstimo modal e tudo o que cerca o universo musical. Geralmente nesta fase, o “aluno” começa a sair do seu mundinho e passa a ser apresentado a outras obras, outros mestres, outros estilos. Posso garantir para vocês, sem sombra de dúvidas, que esta é a melhor fase do aprendizado. É uma fase muito parecida com a de uma criança descobrindo o admirável mundo novo. Cada novo lick, cada nova pausa, um novo contratempo, tudo é maravilhosamente novo. Assim como na escola, quando somos pequenos, a participação de um bom professor por perto é primordial para que sejamos apresentados às coisas de forma gradativa, degustando cada nova informação, e colocando-a em prática.

Embora o tempo de absorção de cada um seja diferente de pessoa para pessoa, de um jeito ou de outro, seremos contaminados por essa fase de aprendizado. Agora, a música tem algo que a difere de muitas outras profissões, que é a prática. Claro que alguns têm uma mente brilhante e se lembram de tudo o que leram o aprenderam, mas uma coisa é fato. A música exige a prática. A teoria sem prática é nula. Você no máximo vai ser aquele cara chato que fala de semifusas na fila de um show de rock. O que complementa a teoria é a execução e isto se faz com prática. Por isso a música é tão mágica, pois um grande músico ou compositor, nada mais é, do que a soma de experiências de sua vida. Um músico é como disse uma vez Elvis Costello, "um ladrão por natureza", pois se apropria de tudo aquilo que o rodeia. Desde as experiências que vive até influências e frases completas mesmo, de outros músicos.

Trazendo à tona uma questão que sempre segue alguma discussão sobre música, “Estudar ou praticar?”, a resposta correta não poderia ser diferente: Faça as duas coisas, sempre! Nunca se acomode achando que sabe tudo, nunca deixe de tocar, atualize-se, saiba o que estão fazendo por aí, mesmo que seja apenas para se situar em um universo diferente do seu. Não se esqueçam que a música é efêmera, mutável e acompanha a sociedade. E para que você acompanhe as mudanças, ou mesmo para quem sabe, ditar as mudanças, você precisa saber o que está acontecendo no mundo. Aí, já vai outra dica! Mantenha-se de olhos abertos ao mundo ao seu redor. Não é porque você é músico que não precisa ler jornais, entender uma ou outra coisa de política, conhecer outras formas de arte. A música é isso, expressão do mundo à nossa volta e quem conhece mais o sobre o mundo, tem muito mais a dizer, mesmo que em um solo de apenas alguns segundos.

Até a próxima!

quarta-feira, 19 de março de 2008

Atitude x Imagem

Um dos muitos cuidados que nós, profissionais, precisamos ter em nossa carreira, está relacionado à imagem que pretendemos passar aos outros. Devemos ter plena consciência de que nossa imagem ou nosso “personagem” está diretamente relacionado com a evolução de nossa carreira. Existem “personagens” que são arrogantes, egocêntricos, os que são românticos, existem até os que jogam rosas para as fãs...rs; mas não podemos deixar o personagem tomar conta do ator, ou melhor, do músico.

Lembrem-se que, embora a música seja uma arte, a “indústria da música” é cercada de empresas e grandes corporações, que embora sejam mais tolerantes com seus “funcionários” do que as empresas e corporações não musicais, ainda assim, são empresas. Portanto, quando se entra nesta indústria, o músico deve ter em mente que suas atitudes serão analisadas ou por donos de casas noturnas, produtores, donos de gravadoras ou até mesmo o dono da escola de música que você dá aula. É fato que ninguém quer ter um “mala”, bêbado, ou causador de encrenca ao seu lado. Muito menos ter sua marca associada à alguém que causa tumultos, aparece em manchetes sensacionalistas e por aí vai. Existe um limite para a exposição na mídia. Existem músicos que trabalham bem este lado, que são vistos em vários programas, em várias capas de revistas especializadas e são endorsees de grandes marcas.

Mas afinal, o que se espera de um músico além de sua música? Como agregar conteúdo à sua imagem e fazer disso uma fonte de renda extra além de seu talento musical? A resposta é simples. Embora eu ainda não tenha entrado no mérito do Marketing Pessoal, o músico deve entender que quando ganhamos visibilidade e notoriedade, automaticamente nos tornamos formadores de opinião. Eu sei que este fardo nem sempre é algo que queremos para nós, mas quem assiste aos “reality shows” por aí, sabe do que eu estou falando. Pois bem, toda pessoa que se destaca em sua carreira, passa a ser exemplo para outros que estão trilhando ou sonham em chegar ao mesmo ponto, portanto, nessa hora o artista deve ter consciência e utilizar da melhor forma possível sua imagem, pois tudo o que ele disser ou fizer, poderá e será usando contra ele. Claro, estou exagerando um pouco, mas coloquem-se no lugar de uma empresa de encordamento por exemplo, que acabou de criar uma corda que pode ser trocada menos do que as da concorrente e que quer passar essa imagem de resistência e qualidade. Os marketeiros da empresa podem até usar um músico que tenha uma imagem mais radical, que seja tatuado e tudo mais, isso faz parte do mundo da música. Agora, eles vão escolher dentro deste perfil, um músico que além de ter as características que associem sua imagem com a resistência das cordas, também traga credibilidade à marca.

Já que eu entrei no mérito dos endorsees, aproveitei a experiência de Newton Souza, proprietário da agência New Publish, especializada em marketing e propaganda no segmento musical e já foi consultor das marcas Orion e Baquetas Liverpool, para que ele nos desse seu parecer sobre a postura de um músico que procura ser um Endorsee. Com a palavra, Mr. Newton:

“A palavra “endorsee” vem do termo endossar, assinar, aprovar. Ou seja, você como músico para aprovar algo tem que demonstrar experiência e credibilidade no instrumento que você toca e esta experiência tem que ser reconhecida pelo publico.
As empresas procuram patrocinar músicos com este perfil formador de opinião para, muitas vezes, dar o instrumento/acessório ou vender mais barato. Pois é uma relação de troca, de um lado você como músico oferece sua credibilidade e do outro a empresa te fornece instrumentos/acessórios e te divulga como “pagamento” por este seu Knowhow.

O que a empresa avalia para poder dar o endorsee ou não para um musico:

- Visibilidade: Tem CD, DVD outra mídia gravado e divulgado internacional, nacional ou *regional?

- Público: Qual o estilo e público que você ou sua banda atinge? É de interesse da marca?

- Formação de opinião: Você é professor e atua em grandes escolas de musicas com grande quantidade de alunos? Ou *regionalmente abrange uma grande quantidade de alunos? Escreve para alguma revista?

*Regional = Muitas empresas, por estratégia de marketing, procuram músicos bem conceituados em regiões específicas para divulgação e implantação do produto.


Além de todos estes pontos, é sempre bom você se avaliar e pensar se esta pronto para representar uma marca, montar um material que realmente vale a pena o avaliador analisar, não “encher lingüiça” com milhões de fotos e reportagens que não interessam muito (Ex.: Já peguei material que o cara mandou uma foto com cada artista que ele encontrou em feiras ou eventos, e isto é comum acontecer.) Não é de serventia na análise e você ainda é interpretado como tiete. Porém este ato é muito comum.

Monte um breve release com sua formação musical, principais apresentações, cursos ou workshop que participou, se tiver banda inclua o material da banda e o publico que atinge. Se for professor coloque informações das instituições que da aula e quantidade de alunos.
Não esqueçam de deixar referencias para possíveis pesquisas. Porém tenham em mente que os endorsee´s que mais dão certo são os que são procurados pelas próprias empresas.”
(maiores informações: Newton Souza - New Publish -
newpublish@uol.com.br).

Portanto amigos, tenham atitude, é ela que o diferencia de outros músicos, mas tenham cuidado com a sua imagem fora dos palcos e fora dos holofotes. Lembrem-se que um músico é um profissional e depende de sua arte para sobreviver, o que significa não só o som que sai do seu instrumento, mas também a forma como VOCÊ, no sentido literal da palavra, apresenta sua arte ao público e à indústria que a divulga.

Grande abraço e até a próxima!

quinta-feira, 13 de março de 2008

Networking (???)

Lá vem mais uma daquelas palavras em inglês que são facinhas de se esquecer, mas essa tal de Networking é algo que está tão próximo de cada um de nós no dia a dia que eu não podia deixar de postar um artigo específico sobre a “rede de relacionamentos”. Pois bem, a Networking ou rede de relacionamentos de um profissional é uma das maiores armas que um profissional pode ter em sua carreira.

Como estamos focando este blog na carreira de músico, me sinto confortável em fazer as devidas metáforas do mundo corporativo com a indústria musical, pois a música é um dos lugares onde mais se exercita esta “arte” de se relacionar e interagir, pois, como em todo tipo de arte, a relação entre seres humanos acontece de forma direta, emocionando, criando sensações e tudo mais que no fim acaba destacando determinado artista por sua interpretação, ou criação. E é neste momento, em que há a interação com outros artistas, com o público, com produtores ou com donos de casas noturnas que entra a Networking. Em um exemplo mais claro, um músico que passa por uma banda, acaba tendo contato com vários outros músicos, em shows, é apresentado a promoters, donos de casas de shows e esses contatos podem lhe render indicações constantes, o que lhe renderá renda extra na indicação como substituto de um músico em uma outra banda, ou a própria indicação de sua banda através de promoters para um dono de casa noturna.

E como se constrói essa rede de relacionamentos? Simples, administrando de forma natural os contatos que lhe são apresentados. Quando digo, “forma natural”, quero dizer, sem exageros, ou seja, nada de puxar saco, de ficar encostado em um dono de casa noturna ou ficar se convidando para se apresentar... daí você deixa de ser um cara legal e talentoso para ser o chato que ninguém quer por perto.

Antes de qualquer coisa, a Networking anda lado a lado com outras duas palavras importantes do vocabulário profissional: Ética e Marketing Pessoal. Este segundo, irei comentar em breve, mas já posso adiantar que a ética, é algo inerente à sua personalidade e caráter, por isso, nunca use da falta de ética para conquistar lugar na carreira. Nunca tente passar a perna em outro músico para conseguir a vaga dele ou da banda dele em uma apresentação. O que parece uma legal e fácil, vai pesar na sua vida como profissional. Aos poucos, estes tipos de atitude estarão mais atreladas ao seu nome que o seu talento, até um ponto em que ninguém vai querer tê-lo por perto e sua carreira irá pouco a pouco descer a ladeira.

Portanto, use seus contatos, seja amigável, disponível. Tocar bem é obrigação, todos fazem isso, ou deveriam, afinal, estamos partindo do pressuposto que estamos falando de um nível de músicos profissionais, então, o que irá diferenciar um músico de outro será sua atitude com os outros companheiros de banda, sua pontualidade nos compromissos, seu carisma, simpatia e milhares de outros fatores que muitas vezes estão fora de nosso controle, mas dentro do que cabe a nós, seja o mais sincero nas suas escolhas, nunca omita suas opiniões e não importa o instrumento que toque nem o estilo que escolheu, apenas seja o melhor no que faz.

No próximo post vou abordar um pouco sobre Marketing Pessoal e sobre Comunicação Visual, mais dois pontos importantes para destacá-lo na multidão.

Abraços e até a próxima!

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Devo apenas tocar o que gosto ou devo gostar do que toco?

Eis uma questão que está presente na vida de todo profissional, seja ele músico ou não, desde o dia em que ele toma a decisão de seguir uma carreira.

Tocar o estilo musical que gosta ou se adaptar ao que o mercado quer ouvir... A resposta está longe de ser fácil e muito menos definitiva. Não pensem que este questionamento "ideológico" se limita ao ramo musical. Quantas vezes os profissionais do "mundo corporativo" não se deparam com dilemas como, "Sou formado em administração, mas queria mesmo ser publicitário", "Sou jornalista, mas será que se eu me especializar em fotografia meu leque de opções de trabalho irá aumentar?".

Vejam bem, em nenhum momento eu quero que o músico pense que exista uma imposição sobre o que é certo ou errado, cada caso tem de ser analisado individualmente. O mercado musical, a moda, fatores externos que ditam tendências influenciam muito na decisão de um profissional, mas não é verdade absoluta, por exemplo, que alguém que toque apenas um estilo musical ficará sem emprego. No fundo, suas opções serão extremamente limitadas e seu leque de trabalhos será influenciado pelos fatores acima citados, tendo momentos onde ele terá sua agenda lotada e em outros momentos, poderá fazer apenas pequenas participações.

É bom ressaltar que um determinado músico que opte por tocar um único estilo, deverá entender que ele deverá ser muito bom nesse estilo, uma vez que seu mercado de trabalho é limitado e a concorrência provavelmente será muito acirrada. Outros como ele, estarão disputando o mesmo posto naquela banda ou estarão enviando seus trabalhos para o mesmo produtor ou casa noturna. Já para um músico que tem no ecletismo a tônica de seu trabalho, a tarefa não é fácil, mas traz sem dúvidas, mais alternativas, pois, se o mercado de Hard Rock, por exemplo, não está em alta, este músico pode migrar para um estilo que tenha um mercado aquecido, como MPB, por exemplo. Claro que são estilo totalmente opostos, mas como profissional, o músico deve "pesar" os prós e os contras do caminho que quer tomar em sua carreira.

Para um exemplo prático, posso citar minha própria trajetória profissional. Quando me formei em Administração, eu já tinha uma queda por Marketing ou Propaganda, mas descobri isso no 3º ano da faculdade e optei por terminar o curso e me especializar depois. Antes de me formar, comecei a trabalhar em uma grande empresa do segmento de Agronegócio, onde eu era estagiário do departamento de Orçamentos e Custos (departamento financeiro). Devo admitir para vocês que nunca, nunca me imaginei fazendo algo rotineiro, onde eu acordasse sabendo o que ia fazer no expediente de trabalho, mas devo admitir também que o fato de fazer algo rotineiro, me ajudou a ter disciplina e isso me possibilitou galgar alguns degraus que irei comentar nos próximos posts. Mas para encurtar a história, mesmo não fazendo algo que fosse o meu ideal, aprendi a conviver com aquilo, criando novas ferramentas para fazer as velhas coisas que me ensinaram, aprendi a desenvolver uma nova rotina e com ela, gostar do que eu fazia. Isso foi bom para mim e foi bom para a empresa. A recompensa veio com uma visibilidade maior, onde acabei sendo promovido para o departamento de Marketing.

Isso teve um custo? Sim! Era complicado dormir pensando: “Quando será minha vez?”, “Quando conseguirei realizar meu sonho?”... Mas com paciência, acabei conquistando um dos meus sonhos e seguindo esta filosofia, um músico pode se adaptar ao mercado e carimbar seu nome em diversos estilos e se manter ativo nos altos e baixos de cada um deles. Mas... e aquele músico que eu comentei acima? Que toca um único estilo. Este músico está condicionado às idas e vindas do seu estilo? De certa forma sim, mas é bom lembrar que pra todos os estilos existe um público fiel e que não se importa com os modismos. Por isso volto a dizer, seja o melhor no que faz, isso vai te dar autonomia e longevidade em sua carreira, independente de seu estilo ou idade. Acredite em você, se esforce para melhorar a cada dia, corra atrás, faça contatos, mantenha-se atualizado e continue lendo esse blog...rs

Até a próxima!

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Me dá um autrógrafo?

Pois bem, um tema muito interessante e polêmico para dar continuidade ao assunto Profissão de Músico é o chamado Sucesso. Afinal, o que é o sucesso? Para empresas capitalistas o sucesso é obter lucro, para outras, conquistar “market share” (fatia de mercado, ou o percentual de um determinado nicho que esta empresa detém frente às concorrentes), para alguns profissionais, chegar à presidência de uma companhia multinacional, para uma mãe, ver seus filhos crescendo no caminho que ela sonhava e finalmente para alguns músicos, tocar no Teatro Municipal ou no palco do VMB Brasil (premiação da MTV brasileira). Como vocês podem perceber, o sucesso é algo relativo, não existe um objetivo comum a todos nem tão pouco uma fórmula exata para atingi-lo. Mas para não encerrar o assunto no ponto final seguinte, posso adiantar que existem caminhos para trilhar seus “objetivos” que aí sim são mais palpáveis, mais tangíveis e que podem fazê-lo chegar próximo de SEU ideal.

Antes de falar sobre estes tais objetivos, vou falar sobre minha definição pessoal da palavra Sucesso. Vejam bem, não é uma fórmula, pois fórmulas - do inglês “for mula”, se é que me entendem...rs - são caminhos fechados que geralmente não nos ensinam nada, apenas nos impõem uma direção e poupam nosso tempo de raciocínio, uma vez que outros já penaram para passar por determinada situação e com o tempo acabaram “formulando” uma resposta. Mas como eu ia dizendo, minha definição de sucesso é algo assim:

Sucesso = Talento + Sorte + Oportunidade (não necessariamente nesta ordem)

Não vou entrar no mérito de questionar o profissional ou a empresa que obteve o status máximo sem ter um bom produto ou uma qualidade excepcional. No caso dos músicos, não é raro vermos guitarristas que são questionados por não terem a velocidade de outros, ou um cantor que não é tão afinado e mesmo assim estampa as capas de diversas revistas... só não podemos esquecer que o talento é apenas um dos fatores responsáveis pelo “Sucesso”. O mais importante mesmo é que antes de questionar o talento de outro ou os motivos pelos quais determinados artistas são mais ou menos “sortudos”, você deve pensar no SEU objetivo, em que ponto ou degrau da carreira você quer chegar? Não adianta sonhar em ser um músico que estampa capas de revista e tem 1 milhão de cópias vendidas sem pensar no preço que deve-se pagar por isso. Uma carreira de “sucesso” é algo maior do que seu gosto pessoal. Estar na mídia é entrar em uma indústria que cobra alto por resultados. E nesse ciclo vicioso “mídia x resultados”, talento nem sempre é a variável mais importante. Marketing Pessoal, Relacionamentos Profissionais, Disponibilidade, Disciplina e Profissionalismo são fatores milhares de vezes mais relevantes para estar em uma posição de destaque na mídia. Nos próximos posts, irei abrir cada um dos temas acima citados e fazer sua devida analogia em relação à carreira de músico e ao status desejado afinal, quem disse que estar na mídia é o sonho de todo músico? Quantos Músicos da Noite (leia mais no post 1, 2, 3 e...) almejam apenas ter sua agenda lotada? Quantos Side Man ficam fora dos holofotes durante toda a carreira, mas mesmo assim estão realizados profissionalmente?

Aguardem o próximo post e vamos entender melhor os caminhos que tornam um músico profissional mais competitivo, com agenda lotada, em contato com produtores e bandas. E já vão pensando na seguinte pergunta:

Devo apenas tocar o que gosto ou devo gostar do que toco?

Até mais!

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

1, 2, 3 e...

A idéia inicial deste blog era megalomaníaca, com o título "Sou músico e agora?", deveria ser um livro de auto-ajuda para músicos, iniciantes ou não, e que tivessem em comum a paixão pela música e a idéia de viver de música.

Por ser músico amador, conhecer diversos músicos e ouvir destes, seus problemas vivenciados na profissão, pensei em compartilhar minha experiência de uma profissão formal, onde há mais de 15 anos sigo os padrões impostos pelas empresas em geral: Horário para entrar, horário para almoçar, reuniões, e-mails corporativos, hierarquias e tudo o mais que em primeiro plano pode assustar qualquer um que quer distância desta rotina diária, mas que no decorrer dos meus posts, irei mostrar que um músico e um profissional formal têm muitas características em comum.

Antes de mais nada, gostaria de dizer que após algumas reflexões, descobri que existem 4 grandes grupos distintos dentro da carreira de músico:

Músico Amador: Aqueles que têm na música, seu hobbie, quase como o "futebol de sábado", onde os amigos encontram-se para tirar as músicas de seus artistas favoritos, vão à um estúdio ou na garagem do baterista, tocam em pequenas festas, no condomínio, etc.

Músico da Noite: Aqui, um profissional que tem um campo enorme de trabalho, podendo este campo ser ampliado caso o músico seja aberto a diversos estilos musicais, tenha bons relacionamentos, etc.

Side Man: O músico que acompanha outros músicos, bandas, artistas que estão na mídia... Nesta categoria enquadram-se geralmente, os verdadeiros profissionais, no sentido de administração da carreira, diciplina, marketing pessoal e tudo o mais que será reportado neste blog. Músicos que chegam a este patamar, são músicos que já têm o aval de grandes gravadoras, estão na agenda de produtores e possuem grande ecletismo ou mesmo um domínio muito grande em um estilo específico, o que lhes garante participações especiais e gravações em cd's de outros artistas.

Show Business: Aqui encontramos a verdadeira indústria da música. Nesta categoria, os músicos têm sua imagem cercada pela mídia. O que os diferencia das categorias anteriores é basicamente a exposição de sua imagem, uma vez que em qualquer uma das categorias citadas acima encontramos músicos bons e com qualidade.

O que eu gostaria de deixar claro neste blog é que o que postarei daqui para frente são dicas e cases direcionados aos grupos acima citados, cada um com sua característica e independente de estilo musical ou instrumento. Lembrando também que um músico pode e deve, na maioria das vezes, trafegar em mais de uma categoria. É o caso de um músico que ao mesmo tempo que é guitarrista de uma dupla sertaneja, também tem uma carreira solo para um público segmentado em um estilo totalmente diferente.

Bem, espero que este espaço sirva para contribuir com uma visão mais ampla de como um músico pode absorver as teorias modernas de administração e marketing em sua carreira e conquistar o que todos esperam; Sucesso!

Mas espere, o que é sucesso? Bom, isso é assunto para o próximo post... Até lá!