quinta-feira, 27 de março de 2008

Desatualizar-se, nunca, Encostar-se, jamais!

Para todos os músicos, existem momentos onde ele administra melhor as informações que lhe são apresentadas. Em um perfil normal, o músico (ainda amador), começa a tirar aquelas músicas que ele gosta, ensaia com a banda dos amigos do colégio, faz um ou outro show por aí e segue neste ciclo até um próximo momento, onde ele descobre que música é algo que ele realmente gosta e que de repente, ele deva investir como profissão.

(“Claro que alguns ficam na fase acima durante toda a vida, mas não é esse o perfil de músico que iremos abordar neste artigo.”)

O passo seguinte, geralmente é quando o iniciante a músico profissional, começa a se interessar pela teoria, para saber o que está fazendo, entender as escalas, campos harmônicos, tríades, tétrades, empréstimo modal e tudo o que cerca o universo musical. Geralmente nesta fase, o “aluno” começa a sair do seu mundinho e passa a ser apresentado a outras obras, outros mestres, outros estilos. Posso garantir para vocês, sem sombra de dúvidas, que esta é a melhor fase do aprendizado. É uma fase muito parecida com a de uma criança descobrindo o admirável mundo novo. Cada novo lick, cada nova pausa, um novo contratempo, tudo é maravilhosamente novo. Assim como na escola, quando somos pequenos, a participação de um bom professor por perto é primordial para que sejamos apresentados às coisas de forma gradativa, degustando cada nova informação, e colocando-a em prática.

Embora o tempo de absorção de cada um seja diferente de pessoa para pessoa, de um jeito ou de outro, seremos contaminados por essa fase de aprendizado. Agora, a música tem algo que a difere de muitas outras profissões, que é a prática. Claro que alguns têm uma mente brilhante e se lembram de tudo o que leram o aprenderam, mas uma coisa é fato. A música exige a prática. A teoria sem prática é nula. Você no máximo vai ser aquele cara chato que fala de semifusas na fila de um show de rock. O que complementa a teoria é a execução e isto se faz com prática. Por isso a música é tão mágica, pois um grande músico ou compositor, nada mais é, do que a soma de experiências de sua vida. Um músico é como disse uma vez Elvis Costello, "um ladrão por natureza", pois se apropria de tudo aquilo que o rodeia. Desde as experiências que vive até influências e frases completas mesmo, de outros músicos.

Trazendo à tona uma questão que sempre segue alguma discussão sobre música, “Estudar ou praticar?”, a resposta correta não poderia ser diferente: Faça as duas coisas, sempre! Nunca se acomode achando que sabe tudo, nunca deixe de tocar, atualize-se, saiba o que estão fazendo por aí, mesmo que seja apenas para se situar em um universo diferente do seu. Não se esqueçam que a música é efêmera, mutável e acompanha a sociedade. E para que você acompanhe as mudanças, ou mesmo para quem sabe, ditar as mudanças, você precisa saber o que está acontecendo no mundo. Aí, já vai outra dica! Mantenha-se de olhos abertos ao mundo ao seu redor. Não é porque você é músico que não precisa ler jornais, entender uma ou outra coisa de política, conhecer outras formas de arte. A música é isso, expressão do mundo à nossa volta e quem conhece mais o sobre o mundo, tem muito mais a dizer, mesmo que em um solo de apenas alguns segundos.

Até a próxima!

quarta-feira, 19 de março de 2008

Atitude x Imagem

Um dos muitos cuidados que nós, profissionais, precisamos ter em nossa carreira, está relacionado à imagem que pretendemos passar aos outros. Devemos ter plena consciência de que nossa imagem ou nosso “personagem” está diretamente relacionado com a evolução de nossa carreira. Existem “personagens” que são arrogantes, egocêntricos, os que são românticos, existem até os que jogam rosas para as fãs...rs; mas não podemos deixar o personagem tomar conta do ator, ou melhor, do músico.

Lembrem-se que, embora a música seja uma arte, a “indústria da música” é cercada de empresas e grandes corporações, que embora sejam mais tolerantes com seus “funcionários” do que as empresas e corporações não musicais, ainda assim, são empresas. Portanto, quando se entra nesta indústria, o músico deve ter em mente que suas atitudes serão analisadas ou por donos de casas noturnas, produtores, donos de gravadoras ou até mesmo o dono da escola de música que você dá aula. É fato que ninguém quer ter um “mala”, bêbado, ou causador de encrenca ao seu lado. Muito menos ter sua marca associada à alguém que causa tumultos, aparece em manchetes sensacionalistas e por aí vai. Existe um limite para a exposição na mídia. Existem músicos que trabalham bem este lado, que são vistos em vários programas, em várias capas de revistas especializadas e são endorsees de grandes marcas.

Mas afinal, o que se espera de um músico além de sua música? Como agregar conteúdo à sua imagem e fazer disso uma fonte de renda extra além de seu talento musical? A resposta é simples. Embora eu ainda não tenha entrado no mérito do Marketing Pessoal, o músico deve entender que quando ganhamos visibilidade e notoriedade, automaticamente nos tornamos formadores de opinião. Eu sei que este fardo nem sempre é algo que queremos para nós, mas quem assiste aos “reality shows” por aí, sabe do que eu estou falando. Pois bem, toda pessoa que se destaca em sua carreira, passa a ser exemplo para outros que estão trilhando ou sonham em chegar ao mesmo ponto, portanto, nessa hora o artista deve ter consciência e utilizar da melhor forma possível sua imagem, pois tudo o que ele disser ou fizer, poderá e será usando contra ele. Claro, estou exagerando um pouco, mas coloquem-se no lugar de uma empresa de encordamento por exemplo, que acabou de criar uma corda que pode ser trocada menos do que as da concorrente e que quer passar essa imagem de resistência e qualidade. Os marketeiros da empresa podem até usar um músico que tenha uma imagem mais radical, que seja tatuado e tudo mais, isso faz parte do mundo da música. Agora, eles vão escolher dentro deste perfil, um músico que além de ter as características que associem sua imagem com a resistência das cordas, também traga credibilidade à marca.

Já que eu entrei no mérito dos endorsees, aproveitei a experiência de Newton Souza, proprietário da agência New Publish, especializada em marketing e propaganda no segmento musical e já foi consultor das marcas Orion e Baquetas Liverpool, para que ele nos desse seu parecer sobre a postura de um músico que procura ser um Endorsee. Com a palavra, Mr. Newton:

“A palavra “endorsee” vem do termo endossar, assinar, aprovar. Ou seja, você como músico para aprovar algo tem que demonstrar experiência e credibilidade no instrumento que você toca e esta experiência tem que ser reconhecida pelo publico.
As empresas procuram patrocinar músicos com este perfil formador de opinião para, muitas vezes, dar o instrumento/acessório ou vender mais barato. Pois é uma relação de troca, de um lado você como músico oferece sua credibilidade e do outro a empresa te fornece instrumentos/acessórios e te divulga como “pagamento” por este seu Knowhow.

O que a empresa avalia para poder dar o endorsee ou não para um musico:

- Visibilidade: Tem CD, DVD outra mídia gravado e divulgado internacional, nacional ou *regional?

- Público: Qual o estilo e público que você ou sua banda atinge? É de interesse da marca?

- Formação de opinião: Você é professor e atua em grandes escolas de musicas com grande quantidade de alunos? Ou *regionalmente abrange uma grande quantidade de alunos? Escreve para alguma revista?

*Regional = Muitas empresas, por estratégia de marketing, procuram músicos bem conceituados em regiões específicas para divulgação e implantação do produto.


Além de todos estes pontos, é sempre bom você se avaliar e pensar se esta pronto para representar uma marca, montar um material que realmente vale a pena o avaliador analisar, não “encher lingüiça” com milhões de fotos e reportagens que não interessam muito (Ex.: Já peguei material que o cara mandou uma foto com cada artista que ele encontrou em feiras ou eventos, e isto é comum acontecer.) Não é de serventia na análise e você ainda é interpretado como tiete. Porém este ato é muito comum.

Monte um breve release com sua formação musical, principais apresentações, cursos ou workshop que participou, se tiver banda inclua o material da banda e o publico que atinge. Se for professor coloque informações das instituições que da aula e quantidade de alunos.
Não esqueçam de deixar referencias para possíveis pesquisas. Porém tenham em mente que os endorsee´s que mais dão certo são os que são procurados pelas próprias empresas.”
(maiores informações: Newton Souza - New Publish -
newpublish@uol.com.br).

Portanto amigos, tenham atitude, é ela que o diferencia de outros músicos, mas tenham cuidado com a sua imagem fora dos palcos e fora dos holofotes. Lembrem-se que um músico é um profissional e depende de sua arte para sobreviver, o que significa não só o som que sai do seu instrumento, mas também a forma como VOCÊ, no sentido literal da palavra, apresenta sua arte ao público e à indústria que a divulga.

Grande abraço e até a próxima!

quinta-feira, 13 de março de 2008

Networking (???)

Lá vem mais uma daquelas palavras em inglês que são facinhas de se esquecer, mas essa tal de Networking é algo que está tão próximo de cada um de nós no dia a dia que eu não podia deixar de postar um artigo específico sobre a “rede de relacionamentos”. Pois bem, a Networking ou rede de relacionamentos de um profissional é uma das maiores armas que um profissional pode ter em sua carreira.

Como estamos focando este blog na carreira de músico, me sinto confortável em fazer as devidas metáforas do mundo corporativo com a indústria musical, pois a música é um dos lugares onde mais se exercita esta “arte” de se relacionar e interagir, pois, como em todo tipo de arte, a relação entre seres humanos acontece de forma direta, emocionando, criando sensações e tudo mais que no fim acaba destacando determinado artista por sua interpretação, ou criação. E é neste momento, em que há a interação com outros artistas, com o público, com produtores ou com donos de casas noturnas que entra a Networking. Em um exemplo mais claro, um músico que passa por uma banda, acaba tendo contato com vários outros músicos, em shows, é apresentado a promoters, donos de casas de shows e esses contatos podem lhe render indicações constantes, o que lhe renderá renda extra na indicação como substituto de um músico em uma outra banda, ou a própria indicação de sua banda através de promoters para um dono de casa noturna.

E como se constrói essa rede de relacionamentos? Simples, administrando de forma natural os contatos que lhe são apresentados. Quando digo, “forma natural”, quero dizer, sem exageros, ou seja, nada de puxar saco, de ficar encostado em um dono de casa noturna ou ficar se convidando para se apresentar... daí você deixa de ser um cara legal e talentoso para ser o chato que ninguém quer por perto.

Antes de qualquer coisa, a Networking anda lado a lado com outras duas palavras importantes do vocabulário profissional: Ética e Marketing Pessoal. Este segundo, irei comentar em breve, mas já posso adiantar que a ética, é algo inerente à sua personalidade e caráter, por isso, nunca use da falta de ética para conquistar lugar na carreira. Nunca tente passar a perna em outro músico para conseguir a vaga dele ou da banda dele em uma apresentação. O que parece uma legal e fácil, vai pesar na sua vida como profissional. Aos poucos, estes tipos de atitude estarão mais atreladas ao seu nome que o seu talento, até um ponto em que ninguém vai querer tê-lo por perto e sua carreira irá pouco a pouco descer a ladeira.

Portanto, use seus contatos, seja amigável, disponível. Tocar bem é obrigação, todos fazem isso, ou deveriam, afinal, estamos partindo do pressuposto que estamos falando de um nível de músicos profissionais, então, o que irá diferenciar um músico de outro será sua atitude com os outros companheiros de banda, sua pontualidade nos compromissos, seu carisma, simpatia e milhares de outros fatores que muitas vezes estão fora de nosso controle, mas dentro do que cabe a nós, seja o mais sincero nas suas escolhas, nunca omita suas opiniões e não importa o instrumento que toque nem o estilo que escolheu, apenas seja o melhor no que faz.

No próximo post vou abordar um pouco sobre Marketing Pessoal e sobre Comunicação Visual, mais dois pontos importantes para destacá-lo na multidão.

Abraços e até a próxima!