terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Devo apenas tocar o que gosto ou devo gostar do que toco?

Eis uma questão que está presente na vida de todo profissional, seja ele músico ou não, desde o dia em que ele toma a decisão de seguir uma carreira.

Tocar o estilo musical que gosta ou se adaptar ao que o mercado quer ouvir... A resposta está longe de ser fácil e muito menos definitiva. Não pensem que este questionamento "ideológico" se limita ao ramo musical. Quantas vezes os profissionais do "mundo corporativo" não se deparam com dilemas como, "Sou formado em administração, mas queria mesmo ser publicitário", "Sou jornalista, mas será que se eu me especializar em fotografia meu leque de opções de trabalho irá aumentar?".

Vejam bem, em nenhum momento eu quero que o músico pense que exista uma imposição sobre o que é certo ou errado, cada caso tem de ser analisado individualmente. O mercado musical, a moda, fatores externos que ditam tendências influenciam muito na decisão de um profissional, mas não é verdade absoluta, por exemplo, que alguém que toque apenas um estilo musical ficará sem emprego. No fundo, suas opções serão extremamente limitadas e seu leque de trabalhos será influenciado pelos fatores acima citados, tendo momentos onde ele terá sua agenda lotada e em outros momentos, poderá fazer apenas pequenas participações.

É bom ressaltar que um determinado músico que opte por tocar um único estilo, deverá entender que ele deverá ser muito bom nesse estilo, uma vez que seu mercado de trabalho é limitado e a concorrência provavelmente será muito acirrada. Outros como ele, estarão disputando o mesmo posto naquela banda ou estarão enviando seus trabalhos para o mesmo produtor ou casa noturna. Já para um músico que tem no ecletismo a tônica de seu trabalho, a tarefa não é fácil, mas traz sem dúvidas, mais alternativas, pois, se o mercado de Hard Rock, por exemplo, não está em alta, este músico pode migrar para um estilo que tenha um mercado aquecido, como MPB, por exemplo. Claro que são estilo totalmente opostos, mas como profissional, o músico deve "pesar" os prós e os contras do caminho que quer tomar em sua carreira.

Para um exemplo prático, posso citar minha própria trajetória profissional. Quando me formei em Administração, eu já tinha uma queda por Marketing ou Propaganda, mas descobri isso no 3º ano da faculdade e optei por terminar o curso e me especializar depois. Antes de me formar, comecei a trabalhar em uma grande empresa do segmento de Agronegócio, onde eu era estagiário do departamento de Orçamentos e Custos (departamento financeiro). Devo admitir para vocês que nunca, nunca me imaginei fazendo algo rotineiro, onde eu acordasse sabendo o que ia fazer no expediente de trabalho, mas devo admitir também que o fato de fazer algo rotineiro, me ajudou a ter disciplina e isso me possibilitou galgar alguns degraus que irei comentar nos próximos posts. Mas para encurtar a história, mesmo não fazendo algo que fosse o meu ideal, aprendi a conviver com aquilo, criando novas ferramentas para fazer as velhas coisas que me ensinaram, aprendi a desenvolver uma nova rotina e com ela, gostar do que eu fazia. Isso foi bom para mim e foi bom para a empresa. A recompensa veio com uma visibilidade maior, onde acabei sendo promovido para o departamento de Marketing.

Isso teve um custo? Sim! Era complicado dormir pensando: “Quando será minha vez?”, “Quando conseguirei realizar meu sonho?”... Mas com paciência, acabei conquistando um dos meus sonhos e seguindo esta filosofia, um músico pode se adaptar ao mercado e carimbar seu nome em diversos estilos e se manter ativo nos altos e baixos de cada um deles. Mas... e aquele músico que eu comentei acima? Que toca um único estilo. Este músico está condicionado às idas e vindas do seu estilo? De certa forma sim, mas é bom lembrar que pra todos os estilos existe um público fiel e que não se importa com os modismos. Por isso volto a dizer, seja o melhor no que faz, isso vai te dar autonomia e longevidade em sua carreira, independente de seu estilo ou idade. Acredite em você, se esforce para melhorar a cada dia, corra atrás, faça contatos, mantenha-se atualizado e continue lendo esse blog...rs

Até a próxima!

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Me dá um autrógrafo?

Pois bem, um tema muito interessante e polêmico para dar continuidade ao assunto Profissão de Músico é o chamado Sucesso. Afinal, o que é o sucesso? Para empresas capitalistas o sucesso é obter lucro, para outras, conquistar “market share” (fatia de mercado, ou o percentual de um determinado nicho que esta empresa detém frente às concorrentes), para alguns profissionais, chegar à presidência de uma companhia multinacional, para uma mãe, ver seus filhos crescendo no caminho que ela sonhava e finalmente para alguns músicos, tocar no Teatro Municipal ou no palco do VMB Brasil (premiação da MTV brasileira). Como vocês podem perceber, o sucesso é algo relativo, não existe um objetivo comum a todos nem tão pouco uma fórmula exata para atingi-lo. Mas para não encerrar o assunto no ponto final seguinte, posso adiantar que existem caminhos para trilhar seus “objetivos” que aí sim são mais palpáveis, mais tangíveis e que podem fazê-lo chegar próximo de SEU ideal.

Antes de falar sobre estes tais objetivos, vou falar sobre minha definição pessoal da palavra Sucesso. Vejam bem, não é uma fórmula, pois fórmulas - do inglês “for mula”, se é que me entendem...rs - são caminhos fechados que geralmente não nos ensinam nada, apenas nos impõem uma direção e poupam nosso tempo de raciocínio, uma vez que outros já penaram para passar por determinada situação e com o tempo acabaram “formulando” uma resposta. Mas como eu ia dizendo, minha definição de sucesso é algo assim:

Sucesso = Talento + Sorte + Oportunidade (não necessariamente nesta ordem)

Não vou entrar no mérito de questionar o profissional ou a empresa que obteve o status máximo sem ter um bom produto ou uma qualidade excepcional. No caso dos músicos, não é raro vermos guitarristas que são questionados por não terem a velocidade de outros, ou um cantor que não é tão afinado e mesmo assim estampa as capas de diversas revistas... só não podemos esquecer que o talento é apenas um dos fatores responsáveis pelo “Sucesso”. O mais importante mesmo é que antes de questionar o talento de outro ou os motivos pelos quais determinados artistas são mais ou menos “sortudos”, você deve pensar no SEU objetivo, em que ponto ou degrau da carreira você quer chegar? Não adianta sonhar em ser um músico que estampa capas de revista e tem 1 milhão de cópias vendidas sem pensar no preço que deve-se pagar por isso. Uma carreira de “sucesso” é algo maior do que seu gosto pessoal. Estar na mídia é entrar em uma indústria que cobra alto por resultados. E nesse ciclo vicioso “mídia x resultados”, talento nem sempre é a variável mais importante. Marketing Pessoal, Relacionamentos Profissionais, Disponibilidade, Disciplina e Profissionalismo são fatores milhares de vezes mais relevantes para estar em uma posição de destaque na mídia. Nos próximos posts, irei abrir cada um dos temas acima citados e fazer sua devida analogia em relação à carreira de músico e ao status desejado afinal, quem disse que estar na mídia é o sonho de todo músico? Quantos Músicos da Noite (leia mais no post 1, 2, 3 e...) almejam apenas ter sua agenda lotada? Quantos Side Man ficam fora dos holofotes durante toda a carreira, mas mesmo assim estão realizados profissionalmente?

Aguardem o próximo post e vamos entender melhor os caminhos que tornam um músico profissional mais competitivo, com agenda lotada, em contato com produtores e bandas. E já vão pensando na seguinte pergunta:

Devo apenas tocar o que gosto ou devo gostar do que toco?

Até mais!

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

1, 2, 3 e...

A idéia inicial deste blog era megalomaníaca, com o título "Sou músico e agora?", deveria ser um livro de auto-ajuda para músicos, iniciantes ou não, e que tivessem em comum a paixão pela música e a idéia de viver de música.

Por ser músico amador, conhecer diversos músicos e ouvir destes, seus problemas vivenciados na profissão, pensei em compartilhar minha experiência de uma profissão formal, onde há mais de 15 anos sigo os padrões impostos pelas empresas em geral: Horário para entrar, horário para almoçar, reuniões, e-mails corporativos, hierarquias e tudo o mais que em primeiro plano pode assustar qualquer um que quer distância desta rotina diária, mas que no decorrer dos meus posts, irei mostrar que um músico e um profissional formal têm muitas características em comum.

Antes de mais nada, gostaria de dizer que após algumas reflexões, descobri que existem 4 grandes grupos distintos dentro da carreira de músico:

Músico Amador: Aqueles que têm na música, seu hobbie, quase como o "futebol de sábado", onde os amigos encontram-se para tirar as músicas de seus artistas favoritos, vão à um estúdio ou na garagem do baterista, tocam em pequenas festas, no condomínio, etc.

Músico da Noite: Aqui, um profissional que tem um campo enorme de trabalho, podendo este campo ser ampliado caso o músico seja aberto a diversos estilos musicais, tenha bons relacionamentos, etc.

Side Man: O músico que acompanha outros músicos, bandas, artistas que estão na mídia... Nesta categoria enquadram-se geralmente, os verdadeiros profissionais, no sentido de administração da carreira, diciplina, marketing pessoal e tudo o mais que será reportado neste blog. Músicos que chegam a este patamar, são músicos que já têm o aval de grandes gravadoras, estão na agenda de produtores e possuem grande ecletismo ou mesmo um domínio muito grande em um estilo específico, o que lhes garante participações especiais e gravações em cd's de outros artistas.

Show Business: Aqui encontramos a verdadeira indústria da música. Nesta categoria, os músicos têm sua imagem cercada pela mídia. O que os diferencia das categorias anteriores é basicamente a exposição de sua imagem, uma vez que em qualquer uma das categorias citadas acima encontramos músicos bons e com qualidade.

O que eu gostaria de deixar claro neste blog é que o que postarei daqui para frente são dicas e cases direcionados aos grupos acima citados, cada um com sua característica e independente de estilo musical ou instrumento. Lembrando também que um músico pode e deve, na maioria das vezes, trafegar em mais de uma categoria. É o caso de um músico que ao mesmo tempo que é guitarrista de uma dupla sertaneja, também tem uma carreira solo para um público segmentado em um estilo totalmente diferente.

Bem, espero que este espaço sirva para contribuir com uma visão mais ampla de como um músico pode absorver as teorias modernas de administração e marketing em sua carreira e conquistar o que todos esperam; Sucesso!

Mas espere, o que é sucesso? Bom, isso é assunto para o próximo post... Até lá!